Dulce Cruz

Dulce Cruz

🇬🇧Dulce is the face behind @erva_dulce on Instagram, an account where she addresses respectful parenting and the Pikler-Lóczy approach.

Who are you, Dulce? Who is Sara?
I am a woman from up North, a full-time mother and an activist for children's rights. I am a designer by training and worked for 10 years in the most important agencies in Oporto and Lisbon, where I lived for 8 years. Then I ran out of empathy for commercial design and started working as a freelancer, designing author books. Then Sara was born and transformed my life. I didn't know that babies were born so sapient, so complete and so much more human than adults. I started writing about it on my instagram account, @Erva_Dulce, and unexpectedly lots of mums came up to me thanking me for less loneliness. When I discovered the Pikler-Lóczy approach it made so much sense to me (and to those mothers) that I never stopped studying it and I am training to be a certified Pikler practitioner. I like to keep my feet on the ground, I have a flower and a vegetable garden where Sara, André and I plant the seeds that germinate from what we eat. We believe in a peaceful coexistence with planet Earth.

In what way did stories and books make an impression on you as a child? Do you keep an image of something or some book in particular?
They didn't. I come from a family which is not very literate and that has no literary repertoire. I never had a library as a child and the most I read was “The Seven”. It was my sister who told me traditional stories, and I only remember two or three. When I discovered a public library I began devouring books. And when I went to Soares dos Reis High School, where there were people who were quite fluent in music and books, I felt like I was in paradise.

How do you choose each of the books that you present to Sara?
With her. We currently have a huge library, thanks to her father who is an illustrator. We simply read what shows up or what she asks for, and then she guides us. There are those books that we put back on the shelf, and there are those that lay around the house for months. To answer this question in another way, I have a post about our criteria for buying books, with publishers’ references. Do check it out!

How would you like books to influence her?
I don't set expectations for Sara's future. For us reading is a pleasure, we focus on ensuring just that. If anything, I hope those books we read with her will teach her to read. I mean reading in a broad sense, looking around and paying attention to details, translating images into thoughts, absorbing personalities, feeling others...

Of all the picture books you’ve handled, which is the one that caused the biggest impression on you? Why or in which way?
I can't choose one, but I can tell you about the last one that moved me deeply when I read it: it's "Good Night, Gorilla" by Peggy Rathmann. It is a book with magnificent illustrations, with several layers of text implicit in its images and with a touching tone. It's a book with a child's heart.

If given the chance, who would you hug today?
Devendra Banhart, who I've been watching and listening to for almost 20 years.

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🇵🇹A Dulce é a cara por trás da conta de Instagram @erva_dulce, onde aborda temas de parentalidade respeitadora e sobre a abordagem Pikler-Lóczy.

Quem és tu, Dulce? Quem é a Sara?
Eu sou uma mulher do Norte, mãe a tempo inteiro e ativista pelos direitos das crianças. Sou designer de formação e exerci durante 10 anos nas maiores agências do Porto e ,Lisboa, onde vivi 8 anos. Depois esgotei a minha empatia pelo design comercial e apostei em ser freelancer a desenhar livros de autor. Depois nasceu a Sara e transformou a minha vida. Eu não sabia que os bebés nasciam tão sapientes, tão completos e tão mais humanos que os adultos. Comecei a partilhar sobre isso no meu instagram @Erva_Dulce e, inesperadamente, imensas mães vieram ter comigo a agradecer menos solidão. Quando descobri a abordagem Pikler-Lóczy, aquilo fez tanto sentido para mim (e para essas mães) que nunca mais parei de a estudar e estou a formar-me para ser profissional Pikler certificada. Gosto de estar com os pés na terra, tenho um jardim e uma horta onde eu, a Sara e o André plantamos as sementes que germinam a partir daquilo que comemos. Acreditamos numa convivência pacífica com a Terra.

De que forma as histórias contadas e os livros te marcaram na infância? Guardas a imagem de algo ou algum livro em particular?
Não marcaram. Venho de uma família pouco literata e sem qualquer repertório literário. Nunca tive uma biblioteca em criança e o melhor que li foi a coleção “Os Sete”. Era a minha irmã que me contava as histórias tradicionais, e só me lembro de duas ou três. Quando descobri uma biblioteca pública comecei a devorar livros. E quando fui para a Escola Secundária Soares dos Reis, com gente muito fluente em música e em livros, senti-me no paraíso.

Como eleges cada um dos livros em que viajas com a Sara?
Com ela. Hoje temos uma biblioteca imensa, graças ao pai que é ilustrador. Simplesmente lemos o que aparece ou o que ela pede, e depois é ela quem nos guia. Há os que voltamos a guardar na estante, e há os que andam meses pela casa toda. Respondendo à pergunta de outra forma, tenho um post sobre os nossos critérios para comprar livros, com indicação de editoras e tudo. Fica a referência para consulta!

Como é que gostarias que os livros a transformassem?
Não defino expectativas para o futuro da Sara. Para nós, ler é um prazer, focamo-nos em garantir apenas isso. Quando muito, espero que os livros que lemos com ela a ensinem a ler. Falo de ler no sentido abrangente, olhar à volta e atentar nos detalhes, traduzir imagens em pensamentos, absorver personalidades, sentir os outros…

De todos os livros infantis que já te passaram pelas mãos, qual o que teve um impacto mais transformador? Porquê ou de que forma?
Não consigo escolher um, mas posso falar-vos do último que me emocionou profundamente quando o li: é o "Good Night, Gorilla", da Peggy Rathmann. É um livro com ilustrações magníficas, com várias camadas de texto implícito nas imagens e com um tom enternecedor. É um livro com coração de criança.

Se pudesses, a quem darias um abraço apertado hoje?
Ao Devendra Banhart. Ando apenas a vê-lo e ouvi-lo há quase 20 anos.

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