🇬🇧Susana is a screenwriter, columnist and creative director. You can find her on Instagram @susana_romana.
Who are you, Susana? Who is João?
Susana is 39 years old, a screenwriter and a functional introvert - she seems a bit loudmouthed, but the truth is that she really cherishes her little corner. João is 3 years old, he's shy, curious and the president of the traffic light fan club, the thing he loves the most in the world.
In what way did stories and books make an impression on you as a child? Do you keep an image of something or some book in particular?
I don't have many memories of being read to (except for a book in English that they had to translate for me, about a pirate named Pugwash), but I remember that there were always many books around me. I went through the classics of my generation, from Super Disney’s almanacs to Spot, but the ones that impressed me the most were a book about a boy who adopted a frog that was in fact dinosaur and a compendium of stories about witches and monsters. The last one I tried to keep for life, but about 10 years ago I lent it, it was never returned it and I've been searching in used bookstores ever since. It is one of my life’s sorrows. I became a fan of Mafalda quite early in my life and at the age of 12 my sister introduced me to Miguel Esteves Cardoso.
How do you choose each of the books that you present to João?
Many of the books that João has were my own. Not only from my childhood, but because I like a good book, whichever it is - and that's why I’ve always bought some children's literature, like Oliver Jeffers' books. I think that even children deserve well written books and not just books that aim to promote cartoons. I do appreciate a more didactical side, of course, but I prefer them to be fun and unexpected. We love, for example, "The Story of the Little Mole Who Knew it Was None of His Business".
How would you like books to influence him?
In two different ways, I think: by introducing him to the world that exists, and at the same time by giving him tools to imagine the world as he would like it to be.
Of all the picture books you’ve handled, which is the one that caused the biggest impression on you? Why or in which way?
I was (still am) a huge fan of Alice Vieira. "Rosa, Minha Irmã Rosa" and "Úrsula, A Maior" were very important to introduce me to more complex feelings, a sense of humor, and the search for my own place in the world.
I’m not sure if "Asterix, The Legionary" counts as a picture book, but it is one of the books I’ve read more times in my life, at different times, and it’s nice to see that when you are 7 years old you notice some things and when you are 39 you notice others.
If you could, who would you hug today?
To my father and my mother. I don't regret all the care and zeal that I had in 2020, but we are already a bit fed up of all this.
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🇵🇹A Susana é guionista, cronista e diretora criativa. Podem encontrá-la no Instagram, em @susana_romana.
Quem és tu, Susana? Quem é o João?
A Susana tem 39 anos, é guionista e é uma introvertida funcional - parece um bocado espalha brasas, mas a verdade é que preza muito o seu cantinho. O João tem 3 anos, é tímido, curioso e o presidente do clube de fãs dos semáforos, a coisa que mais adora no mundo.
De que forma as histórias contadas e os livros te marcaram na infância? Guardas a imagem de algo ou algum livro em particular?
Não tenho muitas memórias de me lerem histórias (tirando um livro em inglês que me tinham de traduzir, de um pirata chamado Pugwash), mas lembro-me de haver livros em abundância à minha volta desde sempre. Passei pelos clássicos da minha geração, dos almanaques Super Disney ao Bolinha, mas os que mais me marcaram foram um livro sobre um menino que adoptou um sapo que afinal era um dinossauro e um compêndio de histórias sobre bruxas e monstros. Este último tentei guardar a vida, mas há uns 10 anos emprestei, nunca devolveram e corro alfarrabistas desde aí. É um dos desgostos da minha vida. Comecei também muito cedo a ser fã da Mafalda e com 12 anos a minha irmã pôs-me a ler o Miguel Esteves Cardoso.
Como eleges cada um dos livros em que viajas com o João?
Muitos dos livros que o João tem eram meus. Não só da minha infância, mas porque eu gosto de um bom livro, seja ele qual for - e por isso sempre comprei alguma literatura infantil, como os livros do Oliver Jeffers. Acho que mesmo as crianças merecem livros bem escritos e não só livros que servem para promover desenhos animados. Aprecio o lado pedagógico, claro, mas aprecio mais serem divertidos e inesperados. Adoramos, por exemplo, o "A Toupeira que Queria Saber Quem lhe Fizera Aquilo na Cabeça".
Como é que gostarias que os livros o transformassem?
Acho que de duas maneiras diferentes: apresentando-lhe o mundo que existe, mas ao mesmo tempo dando-lhe ferramentas para imaginar o mundo que ele quer que exista.
De todos os livros infantis que já te passaram pelas mãos, qual o que teve um impacto mais transformador? Porquê ou de que forma?
Eu era (ainda sou) uma enorme fã da Alice Vieira. O "Rosa, Minha Irmã Rosa" e o "Úrsula, A Maior" foram muito importantes para me apresentar a sentimentos mais complexos, ao sentido de humor, e à busca pelo meu próprio lugar no mundo.
Não sei se o "Astérix, O Legionário" conta como livro infantil, mas é dos livros que já li mais vezes na vida, em alturas diferentes, e é giro ver que com 7 anos se repara numas coisas e com 39 se repara noutras.
Se pudesses, a quem darias um abraço apertado hoje?
Ao meu pai e à minha mãe. Não me arrependo de todo o cuidado e zelo que tenho tido em 2020, mas já estamos um bocado moídos disto tudo.